Vacina contra dengue pode chegar ao SUS em 2024; entenda
Oito meses após a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizar uma nova vacina contra dengue no Brasil, o Ministério da Saúde ainda negocia com a farmacêutica japonesa Takeda a incorporação do imunizante Qdenga na rede pública.
De acordo com o Globo, há, no entanto, entraves para o acordo ser fechado, como preço considerado elevado pelo governo, incertezas sobre a capacidade de produção e restrições no público-alvo que poderá receber as doses.
Segundo o jornal, embora a expectativa seja de incluir o produto no Sistema Único de Saúde (SUS) no primeiro semestre do ano que vem, a pasta tem evitado dar uma previsão de quando a população poderá ser vacinada. Um dos entraves é o preço por dose, considerado alto pelo Ministério da Saúde.
Os apontamentos apresentados na negociação são da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no Sistema Único de Saúde (Conitec), responsável por julgar a inclusão de medicamentos no SUS. Uma proposta foi apresentada pela farmacêutica no dia 31 de julho e o órgão tem 180 dias para dar um parecer. O ministério afirma ser preciso aguardar essa avaliação antes de decidir pela oferta do imunizante à população.
Ainda assim, a Saúde pede um desconto, tendo em vista que o preço oferecido está acima de todas as demais vacinas do Programa Nacional de Imunizações (PNI). A dose mais cara hoje custa R$ 120.
O laboratório afirma que o preço ainda deverá ser revisado, mesmo sendo “um dos menores aprovados em comparação com outras vacinas inovadoras”. O valor passará ainda por negociação.
Além do custo por dose, há preocupação no governo sobre a capacidade de entrega das vacinas para toda a população que pode ser protegida pela Qdenga: pessoas de 4 a 60 anos, independentemente de já terem sido infectadas pela dengue ou não. Segundo integrantes do ministério ouvidos pelo GLOBO, o receio se dá porque a Takeda não é uma produtora grande como a Pfizer ou o Instituto Butantan.
A ressalva é alimentada pela própria proposta do laboratório, que sugeriu à pasta imunizar apenas crianças de 4 anos e adultos de 55. Ao GLOBO, a empresa diz que usou como foco “a prevenção de casos e redução de hospitalizações/mortes por dengue”. Ainda segundo a Takeda, a documentação enviada ao governo brasileiro foi desenvolvida a partir de recomendações de especialistas em dengue, vacinação e saúde pública.
Embora a empresa não informe o total de doses oferecidas ao Brasil, ela assegura ter capacidade para atender a demanda dos grupos prioritários propostos ao Ministério da Saúde. “Considerando o histórico de incorporação de outras vacinas, esse volume é um dos maiores já disponibilizados por uma farmacêutica para uma campanha inicial de vacinação”, diz, em nota.
De acordo com o Ministério da Saúde, nos preços atuais e restrições propostas pelo laboratório, a incorporação da vacina no sistema público traria um impacto de cerca de R$ 9 bilhões em cinco anos.
“A Organização Mundial da Saúde (OMS) recomendou a vacina Qdenga para o público entre 6 e 16 anos, que também não está contemplado na proposta enviada pela Takeda à Conitec”, afirma o ministério, em nota. A orientação da OMS foi publicada no fim de setembro, após a proposta inicial ser encaminhada.
— No mais tardar em abril. Não vamos medir esforços para prover e priorizar a vacina para a população brasileira e estamos à disposição do governo para negociar e discutir possibilidades — disse ela.
A previsão é considerada otimista por integrantes do governo, uma vez que a análise da Conitec está parada desde 5 de outubro, quando técnicos da comissão fizeram novas perguntas à farmacêutica sobre a vacina. Segundo a empresa, o ofício com dez questões levou mais de um mês para chegar.
Fonte: o Globo
Foto: Divulgação / Takeda