Lula contra Bolsonaro mostrou que eleições 2022 foram únicas, entenda:
A eleição deste domingo (30), terceira vitória de Luiz Inácio Inácio Lula da Silva (PT) foi marcada por um conjunto de ineditismos em pleitos no país. A começar pelo fato de a disputa envolver um presidente em exercício e um ex-presidente.
A configuração do confronto pode ajudar a explicar os números desta eleição, que foi a mais acirrada desde a redemocratização, em 1985.
Lula recebeu 50,9% dos votos válidos, e Jair Bolsonaro (PL), 49,1%. Antes, em 2014, Dilma Rousseff (PT) havia batido Aécio Neves (PSDB) por 51,64% a 48,36% na rodada final. Traduzida em votos, a diferença foi de 2.139.645, já a distância de Dilma para Aécio ficou em 3.459.963. A derrota de Bolsonaro também marcou a primeira vez em que um presidente perdeu a disputa à reeleição.
Além disso, o pleito deste ano teve a campanha mais curta desde a redemocratização. Se comparado com 2010 ou 2014, anos em que a campanha durou 92 dias, os candidatos ao Planalto em 2022 tiveram metade do tempo para pedir votos (46 dias).
Outro ponto, é que Lula foi o presidente mais votado da história, cujo petista bateu o seu próprio recorde de votos recebidos. Em 2006, no segundo turno contra seu hoje vice, Geraldo Alckmin (PSB), à época no PSDB, Lula recebeu 58.295.042 de votos, contra 60.345.999 neste ano.
Bolsonaro também chegou a uma marca inédita, recebendo o maior número de votos de um candidato derrotado: 58.206.354. Novamente, a marca anterior pertencia a Aécio (51.041.155).
Parelelo a isso, a taxa de abstenção no segundo turno da eleição deste ano foi menor do que o primeiro turno. É a primeira vez desde 2002 que o comparecimento cresce em relação ao primeiro turno de votação do mesmo ano.
De acordo com dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) de todas as urnas apuradas, não comparecem para votar 20,59% dos eleitores. No primeiro turno, a taca foi de 20,95%. Já no segundo turno de 2018, foram de 21,30% de eleitores ausentes.
Na mesma linha, o percentual de votos em branco e nulos somados (4,59%) também foi o menor dos últimos 20 anos, repetindo marca já registrada no primeiro turno (4,41%). O número caiu à metade em relação à eleição passada. Segundo dados do TSE, o número de votos válidos no segundo turno foi ligeiramente maior do que na primeira rodada, 118.552.353 contra 118.229.719, respectivamente.
Além dos números, pela primeira vez o candidato à Presidência derrotado não se manifestou após a confirmação do resultado. Desde 1989, quando foram realizadas as primeiras eleições após a ditadura militar (1964-1985), todos os não eleitos se pronunciaram logo após o anúncio oficial.
Com informações Folha de São Paulo.