Ibaneis Rocha é afastado do governo do Distrito Federal por decisão do STF

O ministro Alexandre de Moraes, do STF (Supremo Tribunal Federal), afastou o governador do Distrito Federal Ibaneis Rocha por 90 dias.

 

A decisão foi proferida no início da madrugada de hoje, horas após invasões de terroristas bolsonaristas à sede do Tribunal e aos edifícios do Congresso Nacional e do Palácio do Planalto.

 

Procurado pelo UOL por meio de sua equipe, Ibaneis ainda não se manifestou.

 

Com o afastamento de Ibaneis, assumirá a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP).

 

Em nota, o advogado-geral da União, Jorge Messias, afirmou que a decisão de Moraes é “necessária e indispensável ao restabelecimento da normalidade institucional”.

 

“Descaso e conivência”

Na decisão, Moraes aponta o descaso e a conivência do governo Ibaneis com a organização dos atos golpistas, mencionando diretamente o ex-secretário de Segurança Pública Anderson Torres, exonerado hoje do cargo.

 

Segundo Moraes, a responsabilidade de Torres está sendo investigada em uma apuração separada.

 

Para ele, “o descaso e conivência” de Torres “com qualquer planejamento que garantisse a segurança e a ordem” no Distrito Federal “só não foi mais acintoso do que a conduta dolosamente omissiva do governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha”.

 

Ibaneis, escreveu Moraes, “não só deu declarações públicas defendendo uma falsa ‘livre manifestação política em Brasília’ —mesmo sabedor por todas as redes que ataques às instituições e seus membros seriam realizados— como também ignorou todos os apelos das autoridades para a realização de um plano de segurança semelhante aos realizados nos últimos dois anos em 7 de setembro, em especial, com a proibição de ingresso na esplanada dos Ministérios pelos criminosos terroristas; tendo liberado o amplo acesso”.

 

“Absolutamente NADA justifica a existência de acampamentos cheios de terroristas, patrocinados por diversos financiadores e com a complacência de autoridades civis e militares em total subversão ao necessário respeito à Constituição Federal. Absolutamente NADA justifica a omissão e conivência do Secretário de Segurança Pública e do Governador do Distrito Federal com criminosos que, previamente, anunciaram que praticariam atos violentos contra os Poderes constituídos” Alexandre de Moraes, ministro do STF.

 

Outras determinações:

Além de afastar o governador, Moraes determina ainda:

 

– A desocupação e dissolução total, em 24 horas, dos acampamentos nas imediações dos quartéis-generais e outras unidades militares e prisão em flagrante de seus participantes;

 

– A apreensão e bloqueio de todos os ônibus identificados pela PF que trouxeram os terroristas para o Distrito Federal;

 

– A desocupação em até 24 horas de todas as vias e prédios públicos estaduais e federais de todo o país;

 

– A proibição imediata, até o dia 31 de janeiro, de ingresso de qualquer ônibus e caminhões com manifestantes no Distrito Federal;

 

– Manda a ANTT (Agência Nacional de Transportes Terrestres) manter e enviar os registros de todos os veículos, inclusive telemáticos, que entraram no Distrito Federal entre 5 a 8 de janeiro;

 

– Manda a PF obter todas as câmeras de segurança do Distrito Federal que possam auxiliar na identificação dos terroristas e obter, junto a hoteis e hospedarias, a lista e identificação de manifestantes que chegaram a Brasília desde quinta-feira passada (5);

 

– Requisita ao TSE que utilize o acesso a dados de identificação civil mantidos no tribunal para contribuir na identificação e localização dos envolvidos nos atos terroristas;

 

– Manda o Facebook, TikTok e Twitter bloquearem cerca de 18 perfis nas redes sociais.

 

Terrorismo:

Na decisão, Moraes classifica as invasões às sedes dos Três Poderes como “ataques terroristas à democracia e às instituições” e diz que os envolvidos serão responsabilizados, assim como financiadores e organizadores dos atos.

 

Segundo o ministro, a “omissão e a conivência” de diversas autoridades da área de segurança e inteligência ficam demonstradas em diversos momentos, como:

 

– A ausência do necessário policiamento, em especial do Comando de Choque da Polícia Militar;

 

– A autorização para mais de 100 ônibus ingressarem livremente por Brasília, sem qualquer acompanhamento policial;

 

– A total inércia no encerramento do “acampamento criminoso” nas imediações do QG do Exército, “mesmo quando patente que o local estava infestado de terroristas”.

 

Com informações: Uol

Foto: Renato Alves/Agência Brasília

 

 

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