Hacker diz que Bolsonaro pediu ação contra urnas e prometeu indulto. Ex-presidente responde: “Fantasia”

O ex-presidente da República Jair Bolsonaro (PL) se pronunciou sobre o depoimento de Walter Delgatti Neto à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPMI) dos atos antidemocráticos de 8 de janeiro, nesta quinta-feira (17/8). “Está voando completamente. (…) Tem fantasia aí”, afirmou Bolsonaro.

 

“Ele está inspirado hoje. Teve a reunião, e eu o mandei para o Ministério da Defesa para conversar com os técnicos. Ele esteve lá [no Alvorada e na Defesa] e morreu o assunto. Ele está voando completamente”, rebateu o ex-presidente Bolsonaro em entrevista à Jovem Pan.

 

Bolsonaro acrescentou que só encontrou o “hacker da Vaza Jato” uma vez na vida e que desconhece as alegações de ter sido o mandante da tentativa de grampear o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Alexandre de Moraes. “Tem fantasia aí. Eu só encontrei com ele uma vez no café da manhã [na Alvorada], não falei com ele no telefone, em momento algum. Como ele pode ter certeza de um grampo? Nós desconhecemos isso”, relatou à Jovem Pan o ex-presidente.

 

Durante seu depoimento à CPI dos Atos Golpistas, nesta quinta-feira (17), no Congresso Nacional, o hacker Walter Delgatti declarou que, durante uma reunião no Palácio da Alvorada com Jair Bolsonaro (PL) antes das eleições de 2022, o então presidente assegurou que concederia um indulto (perdão presidencial) a ele, caso fosse preso ou condenado por ações sobre urnas eletrônicas.

 

Questionado pela relatora da comissão, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), se recebeu garantia de proteção do ex-presidente, Delgatti confirmou.

“A ideia ali era que eu receberia um indulto do presidente. Ele havia concedido um indulto a um deputado federal. E como eu estava com o processo da Spoofing à época, e com as cautelares que me proibiam de acessar a internet e trabalhar, eu visava a esse indulto. E foi oferecido no dia”, declarou.

Ele também alega que, em conversa com Bolsonaro, ouviu que o entorno do então presidente já havia conseguido grampear o ministro Alexandre de Moraes, integrante do Supremo Tribunal Federal e presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE).

 

Segundo Delgatti, na ligação, Bolsonaro teria sugerido que Delgatti Neto “assumisse a autoria” do grampo.

“Segundo ele [Bolsonaro], eles haviam conseguido um grampo, que era tão esperado à época, do ministro Alexandre de Moraes. Que teria conversas comprometedoras do ministro, e ele precisava que eu assumisse a autoria desse grampo”, disse.

Em uma reunião com assessores de campanha de Jair Bolsonaro, ele foi aconselhado a criar um “código-fonte” falso para sugerir que a urna eletrônica era vulnerável e passível de fraude.

A proposta teria partido do marqueteiro Duda Lima em uma reunião com o presidente do PL, Valdemar Costa Neto, a deputada Carla Zambelli (PL-SP) e outras pessoas ligadas à parlamentar.

“A segunda ideia era no dia 7 de setembro, eles pegarem uma urna emprestada da OAB, acredito. E que eu colocasse um aplicativo meu lá e mostrasse à população que é possível apertar um voto e sair outro”, disse Delgatti.

“Eles queriam que eu fizesse um código-fonte meu, não o oficial do TSE. E nesse código-fonte, eu inserisse essas linhas, que eles chamam de ‘código malicioso’, porque tem como finalidade enganar, colocar dúvidas na eleição”, completou Delgatti.

A respeito do mandado falso contra Alexandre de Moraes, Delgatti voltou a dizer que partiu de Carla Zambelli o texto de um falso mandado de prisão contra o ministro.

O falso mandado foi inserido no Banco Nacional de Monitoramento de Prisões do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e descoberto em 5 de janeiro.

“Fui eu [o responsável por inserir o mandado falso no sistema]. A deputada me enviou um texto pronto, eu corrigi alguns erros e contextualizei, e publiquei a decisão. Ela me enviou [o texto], quem fez eu não sei”, declarou.

Fonte: Metrópoles e G1

Compartilhar agora