Ataques de viúva negra em Petrolina? Saiba o que aconteceu e o que ela provoca

Começou a circular em grupos de whatsapp no dia de ontem (20), um relato de que um morador de um condomínio em Petrolina, teria sido picado por uma aranha viúva negra. Isso teria acontecido no bairro Jatobá, nas margens do Rio São Francisco.

 

Segundo relato, a aranha estava escondida no sapato de um homem e ao calçar quando ia à rua, teria sido picado no pé. O homem teria sentido fortes dores na perna e por consequência, ataques como espasmos, contrações e muito suor.  Ele foi levado ao hospital para os primeiros atendimentos. O tratamento para este tipo de caso é com soroterapia soro antilatrodectus, porém, como não existe muitos relatos de casos deste tipo no Brasil, o país não dispõe do soro.

 

Aranhas viúva negra, do gênero Latrodectus pertence à família de aranhas Theridiidae, têm esse apelido por que muitas fêmeas devoram o macho após a cópula. Elas habitam em jardins, parques, gramados e podem ocultar-se nas residências em baixo de bancos, mesas e corrimões. Têm hábitos sedentários, ou seja, depois que se instalam em um local dificilmente se mudam, fazem teias irregulares e não são agressivas. Em Petrolina, principalmente nos condomínios beira de rio, vem aparecendo com frequência, porém, especialistas dizem que estes ataques são raros, que antes deste caso, houveram apenas dois relatos de ataques de viúva negra no nordeste, e por incrível que pareça, dois em Petrolina.

 

Para tratamento dos sintomas recomenda-se a utilização de compressas mornas no local e o uso de analgésicos. Quando a dor é muito intensa, pode-se usar meperidina ou morfina. O tempo de permanência hospitalar para doentes não submetidos a soroterapia é de no mínimo 24 horas. O tratamento com soro Antilatrodectus (SALatr) é indicado nos casos graves, uma a duas ampolas IM, porém como dissemos acima, não existe este tratamento no Brasil. A melhora do paciente ocorre de 30 min a 3h após a soroterapia.

 

MAIS CURIOSIDADES SOBRE A VIÚVA NEGRA

São espécies consideradas de importância médica, os casos de picada desta aranha não são frequentes em humanos. Seu veneno possui vários componentes químicos como o ácido aminobutírico, hialuronidase, fosfodiesterase, polipetídeos, além de proteínas como latrotoxinas, característica do grupo. Essas toxinas atuam sobre terminações nervosas sensitivas, provocando quadro doloroso no local da picada. Atuam também no sistema nervoso autônomo, o que leva à liberação de neurotransmissores adrenérgicos e colinérgicos, e, na junção neuromuscular pré-sináptica altera a permeabilidade aos íons sódio e potássio. Não há registro de óbitos devido a acidentes com essas aranhas.

 

Grande parte dos acidentes provocados pela viúva negra acontece nos meses quentes e chuvosos (entre março e maio). Comumente, os membros inferiores, superiores e a região dorsal são as mais atingidas. No local da picada pode ser observado um orifício, seguido de vermelhidão, inchaço e suor.

 

O quadro clínico é dor no local da picada com intensidade variável, tipo mialgia, evoluindo para sensação de queimação (ocorrendo 15 a 60 min. após o acidente). Lesões puntiformes com uma ou duas perfurações de 1 a 2mm e edema discreto no local da picada. Pode ocorrer Hiperestesia na área da picada, placa urticariforme e infartamento ganglionar. Frequentemente há ocorrência de tremores, contrações espasmódicas dos membros, sudorese local, ansiedade, excitabilidade, insônia, cefaléia, prurido, eritema de face e pescoço, dor no tórax com sensação de morte eminente, taquicardia inicial e hipertensão seguidas de bradicardia.

Compartilhar agora