Após anunciar negociação para adquirir 46 milhões de doses, governo diz que não tem interesse em vacinas chinesas; políticos reagem
Um dia depois do Ministério da Saúde anunciar uma negociação para adquirir 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pela farmacêutica chinesa Sinovac contra a covid-19, o secretário-executivo do ministério, Élcio Franco, afirmou hoje (21), que “não há intenção de compra de vacinas chinesas”. Segundo ele, “não houve qualquer compromisso com o governo do estado de São Paulo ou seu governador no sentido de aquisição de vacinas contra covid-19”. Entretanto, a nota divulgada ontem (20) previa a edição de uma medida provisória para disponibilizar R$ 1,9 bilhão para a aquisição.
Mais cedo, o presidente Jair Bolsonaro havia afirmado, em uma rede social, que o Brasil não irá comprar “a vacina da China”, em resposta a uma seguidora que pediu a exoneração do ministro da Saúde, Eduardo Pazuello – que testou positivo para a covid-19 – ao citar que ele “está sendo cabo eleitoral do Doria”. A decisão do governo de voltar atrás da decisão gerou críticas de alguns governadores, como Flávio Dino (PCdoB-MA), que disse que irá recorrer à Justiça, Renato Casagrande (PSB-ES), Rui Costa (PT-BA), João Dória (PSDB-SP) e Paulo Câmara (PSB-PE). O prefeito de Salvador, ACM Neto (DEM), também se manifestou, pedindo que a questão ideológica “fique em outro canto”.
A Sinovac tem um contrato de fornecimento e transferência de tecnologia da CoronaVac com o Instituto Butantan, em São Paulo, que prevê que a farmacêutica envie 6 milhões de doses da vacina já prontas até dezembro, enquanto as outras 40 milhões teriam o processamento finalizado (o envasamento) no Butantan. O governo paulista também anunciou a previsão de adquirir mais 15 milhões de doses até fevereiro de 2021. A expectativa era que, com o dinheiro do governo federal, mais 40 milhões fossem adquiridas, chegando a 100 milhões até maio de 2021.