A Axé Music acabou?

De acordo com o compositor Jorge Papapá, a resposta é “não”. O que falta no atual cenário da música baiana é que os artistas gravem novas composições. Atualmente, há um fenômeno em que, nos shows, estão sendo cantadas músicas como “Faraó” e “Nega do Cabelo Duro”, esquecendo-se de que o público quer consumir algo novo. Parece até que os artistas pararam no tempo.

 

Papapá, compositor de sucessos gravados por Ivete Sangalo e Daniela Mercury, entre muitos outros da música baiana, não é o único a falar abertamente sobre isso. Mú Carvalho, também compositor e membro da banda A Cor do Som, ao ser questionado se o que acontece com a Axé Music está acontecendo também no mundo do Rock nacional, disse: “Eu estou cada vez entendendo menos sobre o mercado e os caminhos da música no Brasil”. E certamente, nem ele e nem muitos artistas, compositores e o público que vivem de sucessos de décadas atrás estão conseguindo entender o marasmo em que vive o cenário musical brasileiro.

 

O problema não está na música “Faraó”, ou no Rock que fez sucesso e que, ao serem executados, são um acontecimento garantido. O maior problema da chamada Axé Music e de todos os ritmos está na ausência de gravações de novas músicas tocando nas rádios e nos shows. E olha que há dezenas de artistas gravando, mas que não conseguem a mesma visibilidade que os já famosos e famosas da Bahia.

 

Parece até que os cantores e cantoras renomados foram acometidos de medo. Medo de gravar o novo, medo de que não façam mais sucesso como já fizeram há dezenas de anos atrás. Por isso, preferem garantir o evento que dará uma boa bilheteria com suas velhas canções amarrotadas.

 

A ausência de músicas novas em shows da Axé Music deu espaço a composições de gosto duvidoso em que as mulheres são retratadas de forma pejorativa e que caíram no gosto popular pela massificação da mídia de rádio e até conseguiram chegar à televisão.

 

Há os que dizem que “todo movimento musical passa e ficam só as grandes composições e os melhores artistas ao longo do tempo”. Isso pode ser uma verdade se olharmos o que aconteceu com o “Tropicalismo”, a “Bossa Nova” e até mesmo o “Forró” de Luiz Gonzaga que se transformou em um ritmo que nem de longe é o que Dominguinhos tocava.

 

A repetição de antigos sucessos, mesmo que façam o público cantar e dançar, não vai dar vida à Axé Music. O que faz dar vida a qualquer movimento musical, “é gravar músicas novas”, afirmou Papapá.

 

Texto e imagem: Dimas Roque

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