Comodidade e desafios: como é trabalhar em home office?

A palavra home office – escritório em casa – tornou-se bastante comum de ser ouvida após a pandemia da covid-19, embora seja uma modalidade antiga. É que um dos efeitos práticos dessa “nova realidade” foi a mudança no regime de milhares de empregados que deixaram de se deslocar para as empresas todos os dias e que passaram a trabalhar em suas próprias casas. Dados do último levantamento do IBGE – divulgado em junho – mostra que quase 9 milhões de brasileiros ocupados estavam trabalhando remotamente.

 

Uma dessas milhões de pessoas é a Carla Queiroz, de 28 anos, que dava aulas de Inglês para crianças e adolescentes. Acostumada a, diariamente, frequentar a escola e dar aulas para dezenas de alunos por dia, a professora viu a rotina mudar logo no inicio da pandemia, mas procurou se adaptar.

 

“Inicialmente interrompi tudo. Fiquei sem dar aulas por quase dois meses. Só que com o tempo as coisas começaram a apertar um pouco mais. Conversando com os pais das crianças, que também estavam meio desesperados pela falta de opções de lazer, decidimos adotar as aulas virtuais. Tive que repaginar meu quarto, e adequá-lo como se fosse uma sala de aula”, contou.

 

Carla conta que a adaptação, no inicio, foi complicada, mas logo se habitou a essa nova realidade. “Por estar em casa, me percebi muito menos disposta, mesmo quando as aulas virtuais voltaram. A verdade é que pareceu que estávamos de férias. Não dedicava mais o tempo ao trabalho como antes. Porém com o tempo fui entendendo que não deveria ser assim, além disso, tava ficando tudo muito chato. Foi aí que passei a adequar a minha rotina, que estava bem confusa. As crianças também tiveram que se adaptar às mudanças. Aulas pelo computador era uma novidade. Eles ficavam muito dispersos. Mas eu contava com a ajuda dos pais. Depois de um tempo, todo mundo se acostumou, mas eu confesso que não vejo a hora de tê-los perto de novo (risos)”, contou a professora.

 

A estagiária Mariana Santos, 19 anos, que trabalha em um escritório de advocacia, também sentiu dificuldades para se habituar às mudanças. “Trabalhar em casa proporciona uma sensação de liberdade que acaba prejudicando a gente. Tive dificuldade para me prender as tarefas do trabalho, porque eu ficava misturando as tarefas de casa. Com o tempo, fui percebendo que eu precisava organizar minha rotina, assim como era quando estava trabalhando presencialmente. Isso aconteceu depois de algumas semanas. Hoje considero que a situação já se normalizou, mas foi díficil”, contou. A estudante de direito voltou a trabalhar presencialmente no escritório, durante dois dias na semana, e continua fazendo as atividades também em casa.

 

Os dilemas vividos por Carla e Mariana foram e são os mesmos vivenciados por muitos brasileiros que também foram obrigados a adotar essa “velha nova” modalidade de trabalho. Organizar a rotina é a melhor dica para quem está enfrentando dificuldades. Também é preciso contar com o apoio da família que o horário de trabalho seja minimamente harmonioso. Mudar hábitos é e sempre será um desafio para o ser humano. Alguns enfrentam com maior facilidade, outros não. A tendência, com o passar do tempo, é que tudo se encaixe e caminhe perfeitamente.

 

Embora algumas empresas já esteja gradativamente retomando a “velha rotina”, tomando os cuidados básicos de higiene, o trabalho em casa deverá se tornar uma tendência, mesmo após a pandemia. Algumas empresas, inclusive, como Petrobras e Banco do Brasil, já anunciaram que vão manter parte dos empregados em home office. Muitas empresas já desocuparam escritórios alugados em grandes metrópoles porque vão tornar o trabalho em casa permanente.

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