
Estudo afirma que beneficiários do Bolsa Família apresentam um risco menor de internações por uso de substâncias
Um novo estudo realizado pela Cidacs Fiocruz, em parceria com a Universidade de Harvard, mostra que beneficiários do Bolsa Família apresentaram um risco 17% menor de internação por transtornos relacionados ao uso de álcool e outras drogas em comparação com os não-beneficiários.
Publicada na The Lancet Global Health, a pesquisa também verificou a associação entre o Bolsa Família e as internações por tipos de substâncias. Foi observada uma redução em 26% no risco de internações por uso de álcool e 11% no risco de internação por outras substâncias entre os beneficiários do programa.
“Isso pode estar relacionada ao alívio do estresse financeiro e a promoção de acesso aos serviços de saúde e educação, por conta das condicionalidades do Bolsa Família”, explica Lidiane Toledo, pesquisadora associada ao Cidacs e integrante da equipe do estudo.
Para Toledo, as preocupações e incertezas constantes sobre se haverá dinheiro suficiente para atender às necessidades básicas de vida são consideradas um “estressor” de natureza socioeconômica. Ao aliviar o estresse financeiro, as políticas de transferência de renda podem contribuir para o bem-estar da população.
A pesquisadora destaca que os resultados ressaltam a necessidade de pensar políticas públicas intersetoriais que levem em consideração a atenção psicossocial, mas também o apoio financeiro para quem vive com transtornos mentais decorrentes do uso de substâncias e em situação de pobreza ou extrema pobreza.
“A recomendação é que profissionais da Atenção Primária e dos Caps considerem encaminhar pessoas com transtornos por uso de substâncias e em situação de vulnerabilidade social para programas de proteção social, como o Bolsa Família”, explica a pesquisadora.
O estudo utilizou dados da folha de pagamento do Bolsa Família e dos registros de internação por uso de substâncias do Sistema de Informações Hospitalares, integrados a linha de base da Coorte de 100 milhões de brasileiros do Cidacs. Foram analisadas informações de mais de 35 milhões de pessoas, registradas entre 2008 e 2015.
Fonte: Oficial FioCruz
Foto: Reprodução