Startup criada na Univasf desenvolve curativo para tratamento de feridas complexas
Com uma ideia inovadora a implementar na área de saúde, um grupo de professores da Universidade Federal do Vale do São Francisco (Univasf) e um estudante de mestrado da Universidade Estadual de Feira de Santana (Uefs) criaram a startup 3D Bionano, em abril de 2022.
Desde então, a startup, incubada pela Intecvasf, incubadora tecnológica da Univasf, vem colecionando conquistas em processos seletivos e editais de fomento e aproximando os empreendedores do seu objetivo inicial: desenvolver um curativo composto por nanofibras contendo medicamento antimicrobiano destinado ao tratamento de feridas complexas infectadas.
Formada pelos professores Fabrício Silva e Fernanda Ribeiro, ambos do Colegiado de Farmácia (Cfarm), Evando Araújo, do Colegiado de Engenharia Agronômica (Ceagro), e pelo discente Gustavo Nascimento, do mestrado em Biotecnologia da Uefs, a 3D Bionano comemora duas conquistas mais recentes. Uma delas foi a aprovação em primeiro lugar no Edital Nº 34/2022 Pró-startup Operação – Resultado final da 4ª Rodada, da Fundação de Amparo à Ciência e Tecnologia do Estado de Pernambuco (Facepe), por meio do qual receberá R$ 25 mil em recursos para custear sua implementação.
A startup também foi selecionada para fazer parte do Programa de Inovação Aberta da Ourofino Saúde Animal. E já tinha participado do programa de pré-aceleração em Ciências da Vida realizado pela Biominas Brasil, o BioStartup Lab 07, que selecionou 20 projetos de todo o país. A startup dos pesquisadores da Univasf foi a única de Pernambuco selecionada para o programa.
O produto que a 3D Bionano está desenvolvendo visa tratar feridas que estejam infeccionadas, agindo na infecção e na cicatrização. “Nosso objetivo é tratar feridas complexas, principalmente pés diabéticos, pois esses pacientes têm um processo de cicatrização mais lento, que pode gerar complicações para o indivíduo”, afirma o professor Fabrício Silva, que coordena o projeto da startup e é o orientador da pesquisa por meio da qual o curativo está sendo desenvolvido, com a participação do mestrando Gustavo Nascimento. As feridas em pés de pessoas com diabetes são consideradas um problema de saúde pública. Estima-se que no Brasil 16 milhões de pessoas tenham pé diabético, um mal que pode evoluir para complicações, entre elas a amputação.
O curativo da 3D Bionano é produzido pela técnica de electrospinning (eletrofiação), que permite a produção de nanofibras poliméricas (fibras que se assemelham a teias de aranha muito finas), que são biocompatíveis e biodegradáveis. Um medicamento antimicrobiano é incorporado ao polímero que, em contato com a ferida, libera a substância medicamentosa de acordo com o pH da pele do paciente. Os testes in vitro foram concluídos e comprovaram que o novo produto farmacêutico é eficaz no tratamento de cinco bactérias, entre elas a Staphylococcus aureus, mais comum nesses tipos de feridas.
Fabrício Silva explica que o produto se distingue de curativos já existentes em virtude da utilização do antimicrobiano, que irá não apenas tratar a infecção, mas possibilitar a cicatrização. “O curativo é feito de um material leve, flexível e poroso e se desintegra no pH de proliferação das bactérias na ferida, não sendo necessário removê-lo da pele para trocá-lo (uma ação dolorosa ao paciente) por um novo curativo. Apenas se faz o processo usual de limpeza no local da ferida e se coloca um novo curativo para a continuidade do tratamento, caso seja necessário”, diz.
Os pesquisadores apostam no potencial de aplicação do produto para a saúde humana. Mas é para a saúde animal que o novo curativo deverá chegar antes ao mercado, pois o produto já se encontra em fase de testes pré-clínicos em animais. A expectativa é que até o final desse ano seja feito o depósito do pedido de patente por invenção junto ao Instituto Nacional da Propriedade Industrial (INPI). Os empreendedores também pretendem captar recursos junto às agências de fomento e investidores para a produção do protótipo e iniciar a produção em larga escala para uso em animais, durante o ano de 2024. As etapas seguintes do negócio preveem dar entrada na regulamentação junto à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) e o início dos testes clínicos em humanos.
Texto e imagem: Ascom Univasf